
Caju chegou chutando a porta. Em 24 horas de lançamento, já estava consolidado tanto no gosto do público, quanto nos elogios da crítica especializada. No meu Spotify não sai do repeat! E Liniker merece! A cantora já provou há muito tempo que tem talento, carisma e força criativa!
Sendo o sucesso que é, claro que muitos outros assuntos e reflexões podem ser feitos em torno do fenômeno que o CD se tornou. Eu sou apenas mais um a surfar nessa onda…
Ser artista independente, dentre tantos obstáculos, é não ter o patrocínio das grandes empresas. É acreditar tanto em sua própria arte e carreira, que aposta o próprio dinheiro e faz um milagre para materializar o sonho.
Aqui, por se tratar de uma cantora, seria o dinheiro de uma grande gravadora. No audiovisual, seria dos streamings e canais de tv. Na literatura, as grandes editoras. Criar e produzir sem o enorme aporte financeiro que instituições podem oferecer é o grande desafio, ainda assim, não estar atrelado a elas faz com que o artista possa, efetivamente, criar a sua visão, sem ter que responder aqueles que colocam o dinheiro. A isso, demos o nome de obra autoral, ou seja, o autor detém todas as decisões criativas.
Geralmente, pelo menos no audiovisual, quando executivos tomam decisões criativas, a obra sofre, perde a potência que poderia ter e acaba se tornando o lugar comum que tá todo mundo fazendo. Isso porque um executivo quer, acima de qualquer coisa, lucro. Arte também é produto e, para tanto, precisa ser vendido com uma margem de lucro boa para que seja um investimento bem-sucedido. E eu já perdi o romantismo da arte pela arte, entendi que precisa ser vendida, mas não perdi o meu porquê de fazê-la. Isso, um artista não pode perder nunca!
Ver Liniker voando com uma obra autoral e independente, fortalece ainda mais a força do artista, do criador, da pessoa por trás do produto final. O mundo está cheio desses sucessos. Lembro de ouvir uma entrevista da P!nk. Ela falava exatamente sobre o fato de ter aberto concessões para a gravadora em seu primeiro álbum e que, para o novo, buscou produtores que aceitassem a sua visão e apostassem em quem ela era como artista e compositora. Na época, eu amei ver a força dessa mulher! Com isso, criou seu icônico CD Missundaztood (2001), que a alavancou para o estrelato, tornando-a um ícone pop. O universo musical tem inúmeros exemplos. Alanis Morissette com o maravilhoso Jagged Little Pill (1995), Adele e todas as suas idades representadas em álbuns honestos e poéticos, Duda Beat que é artista pop sim (mas produz de maneira independente! rs), Amy Whinehouse…
O mundo audiovisual não está fora. Phoebe Waller-Bridge criou a maravilhosa Fleabag com total liberdade criativa, assim como o recente Bebê Rena de Richard Gadd. Michaela Cohen negou um contrato milionário com a Netflix, por acreditar na sua visão e encontrou na BBC e na HBO a liberdade para criar a sua potente I May Destroy you. O que todos esses fenômenos têm em comum é a liberdade que os artistas tiveram para criar e, efetivamente, produzir suas visões. Mesmo que os sucessos se aglomerem, ainda é difícil dar essa liberdade aos artistas, o que me impressiona. O mercado insiste em dizer que quer originalidade, mas no fundo, isso é só um discurso. O mercado quer lucro. A grande questão é que o autoral pode ser um grande fenômeno como um grande fiasco (e veja bem, qualquer obra pode ser isso, ainda que seja criada e produzida com o que o “mercado está querendo”), mas certamente, a originalidade — que dizem tanto querer — é o que os economistas chamam de: investimento de risco. Não é toda grande empresa que aposta nisso!
Os fenômenos de mercado que mais me atraem são aqueles que os artistas mantiveram suas visões intactas. São essas obras que mais ressoam em mim e a tornam inesquecíveis. Liniker provou que saber quem se é, como pessoa e como artista, acreditar no próprio potencial, se amar, se valorizar e ter a liberdade e acolhimento para pegar todas as suas vulnerabilidades e colocar pro mundo, traz sim, bons resultados! Ainda bem que não teve nenhuma grande empresa metendo o dedo e dizendo o que podia e o que não podia ser feito! Eu já estou chamando Caju de obra-prima.
Voa Liniker. Por aqui, o seu álbum está no repeat!
Um adendo importante: assistam a entrevista de Liniker com a Foquinha. O álbum ganha outras camadas incríveis!
Um pouco de auto-promoção nunca matou ninguém…
E por falar em obras que o artista tem pleno controle artístico… Eis meu novo livro: Fúrias Internas e Outras Cóleras. Estou publicando com a galera massa da Editora Caminhos Literários, que me abraçaram de uma maneira incrível, viram meu potencial, acreditaram na minha escrita e no que eu tinha para mostrar! (Obrigado!)
Fúrias Internas e Outras Cóleras é uma coletânea de contos, que tem como tema esse sentimento tão destruidor. Mas não espere um livro violento… Aqui, faço deboches, brincadeiras e crio situações com altos doses de leveza e bom humor. Esse é um livro acessível e nenhuma violência é descrita de maneira gráfica, sabe?! Inclusive, se eu conseguir tirar uma risada de você, eu vou ficar muito feliz, porque ele foi feito para entreter!
Se você comprar e divulgar você vai me ajudar muito! Então, segue o link para a compra (e se você ler e der uma gargalhadinha, você me conta?):
https://editora.caminhosliterarios.com.br/produto/furias-interna-e-outras-coleras/
E se você quiser saber um pouco mais sobre essa obra, compartilho esse vídeo que conto um pouco sobre ele. Meus conteúdos estão disponíveis no meu Instagram e no Youtube .